A sua pior versão pode ser a melhor; pior para o outro e melhor para si. Dedico esta poesia a esta dialética que pode dizer muito de você.
Quando me tornei
A minha pior versão,
Me tornei, finalmente,
Inteira.
A barragem que conteve o feio
Maturada pela vida
Se rompeu.
Desairosa,
Me despejando furiosa,
Alaguei tudo,
Afogando o amor
Que disseste ter por mim;
Amor condicionado
Ao ser que devo ser,
Averso ao que SOU;
Amor adulterado
Que trai a verdade
Que mora em mim.
A força que rompeu
A contenção do insustentável,
Pariu meu ser enlameado
Que queimado pelo desamor,
Secou!
Virou barro seco
Rachando a minha face
Agora dura e áspera,
Seca de elogios,
Repleta de pejorativas
Que me racham ainda mais.
Por inúmeras vezes
Contí dentro de mim
Aquilo que lhe engasga.
Entalada,
Engoli seco
A minha feiura
Que urgia nascer;
Feiura bela
Agora bem-vinda.
Feiura livre
Por tanto tempo acorrentada
Pelo medo constante
De ser aviltada.
Para garantir o seu amor
Sustentei elogios
Comprado a duras penas.
Iludida,
Paguei um preço alto demais
Pelo seguro de morte
Daquilo que não se deve,
No jogo da hipocrisia,
Ser colocado à mostra.
Endividei!
Empobrecida,
Furtada de mim,
Me creditei o direito
De ser inteira
Despertando o asco
Que tanto evitei.
Enriquecida,
Pelo crédito que dei a mim,
Despertei!
Sigo, agora, com novo formato
Incomodando a todos
Que não suportam o que sou.
Sigo criando perguntas,
Gerando problemas
Onde eu era a solução.
Sigo bela;
Sigo feia.
Sigo me seguindo,
Seguindo a minha vida.
Perseguindo o que sou
E o que posso vir a ser
Encontrando-me
Desencontrando-me
Para encontrar-me novamente.
Em versões novas
Tocar os versos e reversos
Daquilo que sou
E não sou mais.