segunda-feira, 20 de agosto de 2018

QUERES


Dedico esta poesia ao Gabriel e a tantos outros como ele que cruzaram o meu caminho apontando um caminho que ainda não sei percorrer



Queres que eu saiba
Quem eu sou
Como posso não saber?
Se sou eu quem vivo
O que sou de fato
E vivo o fato de não ser
O que queres que eu seja

Sei que não sei claramente
O que sou na sua cabeça
Mas temo saber  e fujo
Do monstro oculto que me oculta
Tentando esfacelar o meu ser
Transformando-me naquilo que não sou
Para ser algo que valha à pena
Para tu que tens pena de mim

Queres que saiba o que tenho
Como posso não saber?
Tenho tudo que me desvaloriza
Aos olhos de quem tem valores
Que não cabem em mim
Ao mesmo tempo...
Não tenho nada que lhe preencha

Queres que eu entenda com seu cérebro
Abortando a minha razão
Que eu entenda o seu mundo
E me desentenda com o meu
Que eu acredite estar errado
Para seguir o seu caminho certo
Legitimando a minha ignorância
No reinado de sua prepotência

Queres que eu aceite o seu mundo
Quando não aceitas o meu
Bombardeia o meu ser
Com diagnósticos tirânicos
Que me destroem
Construindo o código internacional
Do ser patológico perfeito
Que justifique e sirva de álibi
Para  suas boas intenções

Queres que eu veja com seus olhos
Que eu fure os meus
Que eu ateste a minha cegueira
Enxergando com a sua
Que eu aceite ser guiado
Com a sua bengala
E tropece em mim

No espectro da normalidade
Que caracteriza seu mundo
E me descaracteriza
Não consigo Ser
Normal leve
Normal moderado
Ou normal severo

Queres que eu enxergue e aceite
A minha deficiência
Sei lá para que...
So sei que há uma razão
Para eu ser assim
Tão diferente de você
Razão que sua razão desconhece
E o meu coração  apetece

Sei de muitas coisas
Que você jamais saberá
Sei de mim
Embora pense o contrário
Sei o que aprendi
Em cada olhar de rejeição
Nos bulings que sofri
Nos espaços que não existem para mim
E naqueles que só existem em mim

Sei muito de mim
Você é quem não sabe
Ao contrário de ti
Compreendo a sua deficiência
O seu medo de perceber
O que te ultrapassa
E se perder
Por isso não quero para ti
O que queres para mim

Queres tanto para mim
Desejos seus
Queres que eu não queira
Desejos meus
Queres o que lhes ensinaram a querer
E que graças à minha deficiência
Eu jamais aprenderei



sábado, 9 de junho de 2018

ACALENTO POÉTICO

 

                                                                                                                                           noticias/dia-da-poesia-conheca-alguns-poetas-sergipanos/ - FSLF

             À POESIA QUE ME ACALENTA...


FAÇO DA DOR
POESIA
DO SUFOCO
INSPIRAÇÃO
DOS REVERSOS
MEUS VERSOS
DA DISSONÂNCIA
RIMA

IMERSA NA ESSÊNCIA POÉTICA
PERFUMO O QUE FEDE
FAÇO PARECER BONITO
A FEIURA QUE ME ATORMENTA
FORMATO MEU JEITO DISFORME
DOU VOZ À PALAVRA QUE ME FALTA
TOCO COM DOÇURA
NA AMARGA E INTOCÁVEL FERIDA 


ENTRE ESTROFES, VERSOS E RIMAS
O CAOS DEIXA DE SER
O CAÔ QUE A VIDA ME DEU
FAÇO PARECER VERDADE
A MENTIRA QUE CONTO A MIM
DECLAMO E NÃO RECLAMO 
A MORTE QUE CLAMA VIVER
E A VIDA QUE TEME MORRER