sábado, 25 de novembro de 2023

MINHA PIOR VERSÃO


 

A sua pior versão pode ser a melhor; pior para o outro e melhor para si. Dedico esta poesia a esta dialética que pode dizer muito de você.


Quando me tornei

A minha pior versão,

Me tornei, finalmente,

Inteira.

A barragem que conteve o feio

Maturada pela vida

Se rompeu.

Desairosa,

Se  despejando furiosa,

Alagou tudo,

Afogando o amor

Que disseste ter por mim;

Amor condicionado

Ao ser que devo ser,

 Averso ao que SOU;

Amor adulterado

Que trai a verdade

Que mora em mim.

A força que rompeu

A contenção do insustentável,

Pariu meu ser enlameado

Que queimado pelo desamor,

Secou!

Virou barro seco

Rachando a minha face

Agora dura e áspera,

Seca de elogios,

Repleta de pejorativas

Que me racham ainda mais.

Por inúmeras vezes

Contí dentro de mim

Aquilo que lhe engasga.

Entalada,

Engoli seco

A minha feiura

Que urgia nascer;

Feiura bela

Agora bem-vinda.

Feiura livre

Por tanto tempo acorrentada

Pelo medo constante

De ser aviltada.

Para garantir o seu amor

Sustentei elogios

Comprado a duras penas.

Iludida,

Paguei um preço alto demais

Pelo seguro de morte

Daquilo que não se deve,

No jogo da hipocrisia,

Ser colocado à mostra.

Endividei!

Empobrecida,

Furtada de mim,

Me creditei o direito

De ser inteira

Despertando o asco

Que tanto evitei.

Enriquecida,

Pelo crédito que dei a mim,

Despertei!

Sigo, agora, com novo formato

Incomodando a todos

Que não suportam o que sou.

Sigo criando perguntas,

Gerando problemas

Onde eu era a solução.

Sigo bela;

Sigo feia.

Sigo me seguindo,

Seguindo a minha vida.